Polícia indicia 10 pessoas por esquema criminoso para fraudar energia elétrica em Rondonópolis
A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de
Rondonópolis concluiu, nesta semana, o inquérito sobre a Operação Cattus,
contra uma associação criminosa formada para fraudar e adulterar medidores de
energia elétrica, e indiciou 10 pessoas pelos crimes de estelionato,
receptação, furto e associação criminosa.
A investigação reuniu provas e identificou os
responsáveis pela operacionalização da fraude, apontando que quatro pessoas se
juntaram para adulterar medidores e furtar energia elétrica beneficiando
pessoas físicas e empresas.
Entre os beneficiários da fraude estava uma rede de lojas
de produção e venda de salgados em Rondonópolis, que usou dos mecanismos
fornecidos pela associação criminosa.
A primeira fase da Operação Cattus foi realizada pela
Derf de Rondonópolis em 2022. Uma empresa de salgados, com diversas lojas na
cidade, foi alvo de investigação por furto de energia elétrica.
Em junho de 2021, a concessionária de energia realizou inspeção
administrativa simultânea nas 15 unidades da rede e foram constatadas fraudes
em todas as lojas, como o desligamento controlado do medidor por equipamento
eletrônico, de maneira que o medidor de energia não contabilizasse o consumo. A
estimativa de prejuízo à época foi de R$ 116.839,82.
A empresa, de propriedade de três dos indiciados por
estelionato, foi beneficiária de fraude operada por um dos investigados, que
vendia o equipamento eletrônico responsável pela adulteração dos medidores de
energia para o furto de energia elétrica.
As diligências apontaram que J.F.D.J., junto com outros
quatro comparsas, se juntaram para fazer a adulteração de medidores de energia
elétrica em Rondonópolis. E para isso, contaram com apoio e participação de
funcionários de empresas terceirizadas que prestavam serviços à concessionária
de distribuição de energia elétrica do Estado.
De acordo com a concessionária, apenas em 2023, a empresa
registrou uma perda de 728 mil gigawatts em decorrência de fraudes e furtos de
energia, o que corresponde a 14% de perdas não técnicas.
Como operava a fraude
O inquérito policial apontou que três dos indiciados eram
sócios em empresa de prestação de serviços elétricos, sendo responsáveis pela
adulteração dos medidores e instalação nas residências de pessoas interessadas
na utilização do mecanismo fraudado.
Outro indiciado ficava responsável pela arregimentação de
clientes interessados na fraude e fornecimento de software para fazer a
adulteração de medidores.
Um investigado, que trabalhava como terceirizado da
concessionária de energia, fazia a venda dos lacres de segurança e a troca de
medidores. Ele também fornecia material como uniformes, botinas e lacres com a
identificação da concessionária.
Esses materiais eram usados pelos executores das fraudes
para se passarem por funcionários da concessionária e não chamar a atenção no
momento da instalação dos medidores adulterados.
Além da adulteração dos medidores, os indiciados ainda
explicavam como a pessoa interessada deveria proceder. J.F.D.J. orientava o
interessado na fraude a ligar na concessionária e solicitar um pedido
aleatório.
om o protocolo do pedido, ele fazia contato com outro
participante do esquema, que acionava um funcionário da concessionária em
Cuiabá, para gerar a ordem de serviço de troca do medidor compatível com o
processo de adulteração. A cada medidor trocado, ele recebia R$ 300,00.
Em outra frente criminosa, um dos indiciados simulava
fiscalizações da concessionária, forçando os clientes que usavam medidores
fraudados a pagar valores para não serem autuados.
Além da empresa de salgados e de residências, a
investigação identificou ainda um lava jato que se beneficiou do esquema
criminoso de fraude de energia.
Informações reunidas no inquérito mostraram que em
fevereiro de 2022, dois investigados fizeram uma tratativa sobre o dono de um
lava jato que estava interessado em fraudar o medidor de energia do seu
estabelecimento.
A indicação do estabelecimento foi feita por outra pessoa
que já tinha se beneficiado da adulteração.
O responsável pelo esquema explicou ao ‘cliente’ a melhor
forma de adulteração, que era técnica conhecida como “bastão”, em que o
equipamento adulterador é posicionado na frente do medidor e a fraude é feita
pela alteração de campo magnético, que desliga o aparelho e consequentemente não
registra o consumo de energia.
Fonte: AtribunaMT
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