Botafogo mostra força, e coloca uma mão na taça
Com 73 pontos somados e três de vantagem sobre o
vice-líder, que é justamente o rival paulista, bastam uma vitória e um empate
nas últimas duas rodadas para garantir a conquista independente do que os
adversários diretos fizerem.
O placar traduz bem o que foi uma partida de excelência
dos comandados de Artur Jorge. Quando falamos de esporte de alto nível, quase
sempre um ou dois lances podem mudar a história. Esse foi o caso. O jogo, que
começou equilibrado, teve alguns pontos chave. Todos eles tenderam para o lado
alvinegro.
O primeiro ponto de virada
Empolgado pela liderança recém conquistada e empurrado
pela torcida, o Palmeiras iniciou o jogo tentando se impor dentro do Allianz
Parque lotado. Abel apostou em um ataque móvel e rápido para buscar espaços na
defesa botafoguense e teve sucesso parcial nos primeiros minutos. Algumas
chances, mas sem conseguir colocar no gol.
Mesmo a perda de Bastos, que saiu com uma lesão muscular
aos 10, não fez com que a marcação se desajustasse. Especialmente porque
Adryelson substituiu o angolano em alto nível, mantendo o desempenho defensivo.
Por outro lado, a equipe de Artur Jorge tentava acelerar
quando recuperava a bola, mas levou alguns minutos para conseguir fazer isso de
forma eficiente. Mais precisamente 16 minutos. Quando Almada conseguiu o
primeiro escanteio, que gerou um segundo e o gol que abriu o placar.
Curiosamente, o lance que marcou todos os botafoguenses e
rendeu inúmeros elogios, todos eles justos, ao time só aconteceu por uma dose
de sorte. Algo que sempre acompanha os times campeões.
- Não era para eu estar ali, acabei me equivocando na
jogada ensaiada, mas fui feliz de estar bem posicionado. Não foi um erro, é que
eu pensei que era outra jogada. Acabei sendo feliz no gol - contou Gregore no
intervalo.
O acaso a favor
Precisando ao menos do empate, os palmeirenses se
lançaram ao ataque. Inicialmente da mesma forma organizada que vinham fazendo
nos primeiros minutos. Quase todos os lances eram iniciados por Estêvão, muito
bem marcado pela dobra formada por Alex Telles e Alexander Barboza.
A chance da resposta apareceu quatro minutos depois do
gol alvinegro. Cobrança de lateral de Marcos Rocha na área, Raphael Veiga
ajeitou de cabeça e Rony carimbou a trave direita de John. O Botafogo cozinhava
o Palmeiras, que aos poucos foi trocando a organização pela afobação.
Os muitos cruzamentos do adversário encontravam as
cabeças botafoguenses e geravam boas saídas em velocidade. Savarino e Almada
aproveitavam o espaço para correr e criavam chances. A vantagem no intervalo só
não foi maior por conta de algumas tomadas de decisão errada.
Quando foi necessário, John apareceu para intervir com
uma grande defesa em cabeçada de Marcos Rocha. O goleiro voltaria a ser
personagem mais para frente. Se o Palmeiras foi quem produziu mais no primeiro
tempo, o a vitória botafoguense até ali era resultado da eficiência.
Equilíbrio e catimba decisiva
O Alvinegro voltou do intervalo mantendo a receita de
sucesso da primeira etapa, enquanto o rival contou com a entrada de Flaco
Lopez. Uma busca por aproveitar os muitos cruzamentos infrutíferos que vinham
fazendo, mas que teve nenhum impacto na partida.
A verdade é que o Botafogo veio ainda melhor encaixado
para o segundo tempo. Tirando uma escapada do centroavante acionado por Abel
Ferreira, que parou nas mãos de John sem grandes sustos, pouco foi produzido.
A equipe usava da catimba para fazer o tempo correr e
desconcentrar os palmeirenses, muito irritados com o tempo gasto, especialmente
para as reposições do goleiro alvinegro. A cabeça quente virou cartão vermelho
quando Marcos Rocha acertou o rosto de Igor Jesus com a bola fora de jogo.
Alta voltagem
Como um boxeador que vê o adversário ficar tonto após um
soco, o time de Artur Jorge não deixou o Palmeiras se recuperar do baque da
expulsão. Passou a acelerar ainda mais, atacando especialmente a lacuna na
lateral direita. Foi assim que saiu o gol que praticamente selou o destino.
Reposição rápida de John para Igor Jesus, aberto na
ponta, ajeitar de cabeça para Savarino. O venezuelano só teve o trabalho de
chapar na saída de Weverton para fazer o 2 a 0 que dava tranquilidade. Pouco
depois foi Almada quem surgiu livre por ali, mas a finalização parou no goleiro
rival.
Sentindo a fragilidade, Abel Ferreira tirou Veiga para a
entrada de Mayke. A mudança deixou o Botafogo ainda mais confortável, dominando
o meio-campo e controlando a partida. Adryelson ainda coroou grande atuação ao
marcar em uma cabeçada forte após escanteio cobrado por Savarino.
Um chutaço de Richard Ríos da entrada da área, que contou
com a interferência de um jogador impedido ignorada por árbitro e VAR, deu
números finais ao jogo: 3 a 1. Uma noite em que tudo deu certo para o Glorioso.
A matemática é rígida e nos diz que não podemos afirmar
que o Botafogo é campeão do Brasileiro. Mas o futebol é fluído e nos mostra que
esse time caminha para isso. Faltam quatro pontos. Antes, no entanto, é hora da
Glória Eterna.
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